Caminho de São Bento
Peregrinar ao S. Bentinho ou como, também, se dizia ir ao S. Bento da Porta Aberta, era prática corrente das gentes da beira-mar nomeadamente das que habitavam nas terras de Esposende.
É certo dizer-se que “nenhum dos habitantes do norte de Portugal ignorava, ou ignora, a existência desta importante romaria. Para lá caminhava uma multidão que vivia intensamente a festa do Santo nunca deixando de parte a vertente profana, divertindo-se. O poeta de Belinho, António Correia de Oliveira, no seu soneto “Romarias” descreve, de forma interessante, o peregrinar a S. Bento. Também a veia popular de poetas repentistas não deixaram de questionar S. Bento.
“S. Bento da Porta Aberta
Por que não a tendes fechada?
Quereis ver os passageiros
Que vos passam na estrada?”
A ligação da Senhora da Abadia e de S. Bento da Porta Aberta a Esposende é muito antiga. Um documento datado de 15 de Agosto de 1153 informa-nos da concessão a este convento do dízimo do sal produzido nos talhos de Fão, beneficiando o “Monasterio Sancte Marie et Sancti Michaelis” por vezes designado por São Miguel do Bouro. Um dos produtos usados como paga das promessas, e desde tempos medievais, era o sal, tanto para os romeiros da Abadia como para os de S. Bento. À promessa associavam-se dois propósitos – o sal deveria ser pedido e nunca deveria ser pousado no chão durante o caminho.
Entre os dias 10 e 15 de Agosto viam-se nas margens ribeirinhas do Cávado, de Fão até Rio Caldo, machos carregados com o “precioso condimento a caminho do Bouro e de S. Bento”. À chegada os romeiros assistiam ao descarregar dos foles de sal. Numa primeira fase, aí pela Idade Média, eram os salineiros que para aí conduziam os seus dízimos, depois eram os próprios devotos – mesmo aqueles que nunca tinham visto o mar – que, imitando-os, prometiam sal às suas devoções.
Uns breves 7km percorrem este caminho por Esposende. Iniciamos a nossa peregrinação em Fão, junto ao rio e, se no passado as travessias do rio Cávado faziam-se na “Barca-por-amor-de-Deus”, hoje a bela ponte metálica Luís Filipe, que une Fão a Esposende, permite que seja feita a viagem de forma constante e tranquila. Ruma-se depois pelas paróquias de Gandra e Gemeses para entrar finalmente em Barcelos. Com uma distância total de cerca de 70km, unindo o litoral ao montanhoso Gerês, os peregrinos passarão por diversas paisagens e territórios, com um misto de aventura, devoção e fé.
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