Roteiro Arquitetura Modernista
A viagem que se propõe é compreendida temporalmente entre os anos 40 e os anos 70 do século XX. O horizonte, a paisagem esposendense tem o benefício ou mesmo o atributo de ser ornamentada pela essência de “MOMENTOS” da arquitetura, tal como um campo sarapintado de papoilas que nos é brindado na primavera. E, sendo a arquitetura um receptor, filtro, sorvedouro de influência da sociedade que intercepta, em Esposende, produz-se a fórmula perfeita entre o Homem e a Natureza.
Para se entender as manifestações isoladas da arquitetura no Município de Esposende importa apreender algumas fases determinantes da história da arquitetura Portuguesa.
Deste modo, passamos a descrever três das passagens da crónica arquitetónica que marcaram a sociedade portuguesa, que se declararam na arquitetura esposendense e que surgem neste circuito:
- Durante o período do estado novo a arquitetura portuguesa foi influenciada por Raul Lino (1879/1974), arquiteto defensor da essência da casa portuguesa e ideólogo do “português suave”. O carácter deste movimento combinava elementos de composição da arquitetura manuelina do século XVI/XVII e princípios do XVIII, associando elementos da arquitetura popular portuguesa ajustada a cada província de norte a sul. (casa 1 e 2)
- Interceptada pela acção anterior do aportuguesamento da arquitetura portuguesa, surge uma geração de arquitetos recém-formados ou em formação que sofre interferência do movimento modernista europeu que nasce entre as duas Guerras Mundiais. Este processo vai inspirar os jovens arquitetos portugueses que vão produzir obras formalmente assumidas e desprovidas dos elementos de composição do passado ecléticos ou classicizante. (edificações, 3, 4, 5, 6, 8 e 11)
- A fricção entre os dois processos anteriores vai originar algum mal-estar no seio da arquitetura portuguesa. Há apologistas do passado, associado ao sistema político musculado e, do lado oposto a nova geração dos arquitetos que airosamente conseguem convencer os primeiros a realizar um inquérito à arquitetura popular portuguesa. Foi realizado o levantamento nacional e publicado no início dos anos 60. Este trabalho passa a ser um documento doutrinal para o renascimento da arquitetura portuguesa. (casas 7, 9, 10, 12, 13, 14, 15, 16 , 17 e 18)
Hoje, estes três “MOMENTOS” expressam-se numa paisagem única onde o verde, a água, a luz nos abraça e dá a continuidade, ocultando os segredos reservados ao observador atento.
Enquanto efectua o roteiro, seleccionamos algumas as palavras avulsas: sentir, observar, movimentar, analisar, meditar, avaliar, desencobrir, interagir e ainda apreender a vivência dos espaços, a sua relação com as formas, as texturas das superfícies, a luz e a cor.
O que nos transmite a arquitetura? Que emoções e sensações estes objectos provocam? Depois de ver este património despertam novas interrogações? Esperamos que estejam esclarecidas todas as dúvidas das relações das imagens que a arquitetura foi gerando à medida que observou. Caso goste, sugira a visita a um amigo. OBRIGADO